Drex e Suas Diferenças com Criptomoedas Tradicionais

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O Drex é a nova moeda digital desenvolvida pelo Banco Central do Brasil (BC) e é parte de uma tendência global em que bancos centrais estudam e implementam moedas digitais para facilitar pagamentos, promover inclusão financeira e otimizar o sistema financeiro. No entanto, o Drex se diferencia fundamentalmente das criptomoedas tradicionais, como Bitcoin e Ethereum, principalmente em sua estrutura e relação com o sistema bancário.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, esclareceu recentemente que a tecnologia do Drex difere da maioria das moedas digitais do mercado. Diferente das criptomoedas, o Drex foi projetado para operar dentro do sistema financeiro nacional e de acordo com regulamentações já existentes.

 

Como Funciona o Drex?

Ao contrário das criptomoedas tradicionais que são baseadas em blockchain pública e descentralizada, o Drex opera em um sistema de “tokenização de depósitos”. Nessa estrutura, o banco bloqueia um depósito e emite um token que representa a moeda digital. Esse token é vinculado ao depósito no banco, o que permite uma maior facilidade de regulamentação. Campos Neto explica que esse modelo reduz o risco de desintermediação bancária, um problema que outras moedas digitais emitidas por bancos centrais enfrentam.

Esse método de tokenização de depósitos significa que o Drex não representa um novo passivo no balanço dos bancos centrais, ao contrário das criptomoedas emitidas de forma autônoma. No caso do Bitcoin, por exemplo, a emissão e circulação da moeda ocorrem sem a necessidade de um órgão central regulador, o que a torna resistente a censura, mas também aumenta seu risco e volatilidade. O Drex, por outro lado, está completamente integrado ao sistema bancário e regulamentado pelo Banco Central do Brasil, fornecendo mais segurança e estabilidade para os usuários.

 

Comparação com Criptomoedas

1. Descentralização: As criptomoedas como o Bitcoin operam em uma rede descentralizada, sem uma autoridade central. Qualquer pessoa com acesso à internet pode fazer parte da rede e contribuir com o processamento de transações. Já o Drex, sendo uma moeda digital do banco central, opera em uma rede controlada pelo Banco Central do Brasil e pelas instituições financeiras licenciadas.

2. Regulação e Compliance: Um dos principais desafios das criptomoedas é a conformidade com regulamentos, especialmente no que diz respeito à prevenção de crimes financeiros como lavagem de dinheiro. O Drex, por sua vez, já está em conformidade com as regulamentações brasileiras, facilitando sua implementação e uso. Campos Neto destaca que o Drex utiliza regulamentações existentes, como as que já cobrem depósitos bancários, o que simplifica a adoção e uso do Drex.

3.*Interoperabilidade: Um aspecto importante para o futuro do Drex é sua integração com o sistema de pagamentos instantâneos, como o Pix. O Banco Central também está envolvido em iniciativas internacionais para estabelecer uma governança e taxonomia padronizadas para sistemas de pagamento global, o que poderia permitir ao Drex operar de forma interligada com outros sistemas financeiros ao redor do mundo. Isso é uma vantagem sobre a maioria das criptomoedas, que não tem interoperabilidade direta com sistemas financeiros tradicionais.

4. Custódia e Segurança: O Drex oferece uma camada adicional de segurança para os usuários. Criptomoedas descentralizadas, por outro lado, dependem de protocolos e carteiras de criptomoedas para segurança, o que exige maior responsabilidade e conhecimento técnico por parte dos usuários.

 

Vantagens e Inovações do Drex

Segundo Campos Neto, uma das vantagens do Drex é a possibilidade de criação de um “super app” ou um “marketplace de finanças”, onde usuários poderiam acessar serviços financeiros sem precisar de um aplicativo específico do banco. Essa inovação permitirá que os usuários escolham entre diferentes bancos para realizar uma transação. Com a ajuda de algoritmos e inteligência artificial, esse sistema trará melhores produtos e experiências personalizadas para os consumidores.

Além disso, o Banco Central projeta que o Drex permitirá maior eficiência no uso de ativos fixos como garantias de crédito. Por exemplo, será possível inserir imóveis em plataformas digitais com fracionamento de ativos, o que poderá reduzir o custo do crédito.

 

A Experiência Internacional e o Futuro do Drex

O Banco Central do Brasil participa de discussões globais sobre governança de sistemas de pagamentos instantâneos no G20, um grupo que busca estabelecer uma taxonomia comum e padronizada. Esse esforço visa criar uma infraestrutura de pagamentos interconectada, onde os países participantes possam realizar transações internacionais de maneira mais rápida e segura. Essa interoperabilidade poderá futuramente permitir que o Drex interaja com outras moedas digitais de bancos centrais, promovendo eficiência nas transações globais.

Campos Neto mencionou ainda que a integração com o Pix, será um fator importante para o Drex. Isso poderia permitir uma inclusão financeira ainda maior no país.