As Finanças Descentralizadas (DeFi) ganharam destaque em 2020 e visam democratizar o acesso a serviços financeiros, especialmente para os “desbancarizados.” Embora a tecnologia por trás do DeFi tenha mais de uma década, ela continua a evoluir e enfrenta dúvidas sobre suas aplicações, benefícios e riscos. Diferente das finanças centralizadas (CeFi), as DeFi operam em redes públicas e descentralizadas (blockchains), oferecendo maior segurança e inovação. Em essência, as DeFi buscam replicar funções do sistema financeiro tradicional, mas de forma acessível e independente de grandes instituições.
Surgimento da DeFi
Como quase tudo relacionado às criptomoedas, as DeFi tiveram início com o protocolo do Bitcoin, como uma forma de pagamento que não depende de bancos ou governos para ser utilizada onde cada usuário pode ter seu próprio banco e carteira. O Bitcoin foi a primeira aplicação de DeFi. Entretanto, limitações no Bitcoin fizeram com que seu uso ficasse restrito.
Com o surgimento do Ethereum, a blockchain passou a suportar aplicações mais complexas, permitindo o desenvolvimento de soluções inovadoras no mercado financeiro. Um exemplo significativo dessa inovação foi a criação das Ofertas Iniciais de Moedas (ICOs), um modelo de captação de recursos que dispensava a dependência de empréstimos bancários ou ofertas públicas na bolsa. Por meio das ICOs, empresas podiam emitir tokens para investidores, que então se tornavam detentores desses tokens, com potencial de lucro em caso de valorização. Essa inovação contribuiu para descentralizar o mercado de capitais.
O ano de 2018 marcou o auge das ICOs, com inúmeros projetos arrecadando fundos através desse modelo. No entanto, a popularidade também trouxe problemas: diversos projetos se revelaram fraudulentos, prejudicando a reputação das ICOs. Ainda assim, muitos projetos legítimos continuam a operar, seguindo cronogramas ativos e usando o modelo de ICO como uma importante ferramenta de captação.
A segunda fase das DeFi começou em 2020, expandindo para diversos serviços financeiros, como emissão de dívidas com colateral, empréstimos, juros sobre criptoativos, mercados futuros e ativos sintéticos. Embora esses serviços já existam no setor financeiro tradicional, as DeFi trazem esses produtos para a blockchain, oferecendo acessibilidade e eliminando intermediários como bancos e corretoras. Assim, qualquer pessoa com internet pode acessar esses serviços, sem barreiras geográficas ou financeiras. A popularidade e o investimento em projetos DeFi são medidos pelo Total Value Locked (TVL), que o site DefiLlama rastreia.
Plataformas descentralizadas
As exchanges descentralizadas (DEX) são plataformas onde os usuários podem trocar criptoativos diretamente entre si. Ao contrário das exchanges centralizadas, as DEX não mantêm a custódia das criptomoedas dos usuários, nem exigem depósitos ou documentação pessoal. Como o próprio nome sugere, essas plataformas funcionam de maneira descentralizada, permitindo transações entre carteiras sem intermediários. Isso oferece maior privacidade e segurança, além de permitir o controle completo dos ativos por parte do usuário.
Plataformas DEX mais conhecidas são Uniswap e PancakeSwap. A Uniswap é uma plataforma criada no blockchain Ethereum, portanto permite a negociação tanto de Ether (ETH) quanto de tokens ERC-20, já a PancakeSwap, praticamente uma cópia da Uniswap, funciona na Binance Smart Chain e por isso permite a negociação somente de tokens criados nesta rede.
As finanças descentralizadas (DeFi) apresentam um grande potencial, mas também possuem riscos significativos. Devido à novidade dos protocolos DeFi, muitos projetos ainda precisam comprovar sua segurança, e vários deles já foram alvo de ataques que causaram perdas substanciais aos investidores. Além disso, falhas nos contratos inteligentes podem resultar em erros na execução, reforçando a importância de confiar em projetos auditados.
O entusiasmo dos investidores pode se tornar um problema se eles entrarem em projetos DeFi sem entender completamente os riscos. Investir em tokens populares pode resultar em prejuízos devido à volatilidade. Ainda há os riscos regulatórios, pois governos ao redor do mundo têm dificuldade em regular criptomoedas, o que pode afetar negativamente o setor. Embora o DeFi esteja trazendo mudanças ao sistema financeiro, ainda está em fase inicial, com muito a evoluir.